NOTICIACRISTIANA.COM.- Um relatório condenatório concluiu que o “horrendo” e violento abuso de mais de 100 crianças e jovens, por parte de um advogado britânico, foi encoberto pela Igreja da Inglaterra por décadas.
Abuso histórico
John Smyth QC é considerado o mais prolífico abusador serial associado à Igreja da Inglaterra, segundo uma aguardada revisão independente. Smyth, que morreu aos 77 anos na Cidade do Cabo em 2018, foi acusado de atacar meninos em sua casa em Winchester, com os quais havia se relacionado em um acampamento cristão em Dorset nos anos 1970 e 1980.
Com a publicação dos achados, o Arcebispo de Canterbury pediu desculpas às vítimas, afirmando que Smyth havia “manipulado a verdade cristã para justificar seus atos perversos”.
Além de ser advogado, Smyth representou a ativista moralista Mary Whitehouse enquanto administrava acampamentos para jovens cristãos evangélicos. As primeiras denúncias de seu abuso físico surgiram em uma investigação da Channel 4 News em fevereiro de 2017, anos após um relatório do Iwerne Trust de 1982, que só foi tornado público em 2016.
Encobrimento e falta de ação legal contra o abuso
O relatório de Mark Ruston e David Fletcher encontrou evidências de que Smyth abusava de alunos de escolas públicas de prestígio, incluindo o Winchester College. No total, oito meninos sofreram 14 mil chicotadas, e dois outros receberam 8 mil golpes em três anos. Mesmo assim, o Iwerne Trust descreveu a prática como “horrenda”, mas as denúncias não foram encaminhadas à polícia até 2013, mais de 30 anos depois.
Após o reconhecimento dos abusos nos anos 1980, Smyth não foi exposto e pôde continuar seu abuso. Ele foi incentivado a deixar o país e se mudou para o Zimbábue sem qualquer comunicação com a polícia. Durante esse período, oficiais da igreja “sabiam dos abusos e não impediram novos casos”, segundo a revisão independente liderada por Keith Makin.
Mais vítimas e acusações no exterior
Em julho de 2013, a Igreja da Inglaterra sabia, no mais alto nível, dos abusos que ocorreram no final dos anos 1970 e início dos anos 1980. Smyth foi acusado de homicídio culposo pela morte de um jovem de 16 anos em um de seus acampamentos no Zimbábue, mas não foi condenado.
Em uma declaração conjunta, a bispa Joanne Grenfell e o diretor nacional de segurança Alexander Kubeyinje expressaram “profundo pesar pelo horrendo abuso infligido por John Smyth e suas consequências ao longo da vida”. Eles também afirmaram que “nunca há lugar para o encobrimento de abusos”.
Impacto nas vítimas e conclusão do relatório
Smyth submeteu suas vítimas a ataques físicos, sexuais, psicológicos e espirituais traumáticos. Quando morreu, estava em processo de extradição do Zimbábue e nunca foi julgado. O relatório, encomendado pelo Conselho de Arcebispos, concluiu que os abusos eram “atos criminosos de abuso grave”.
O Bispo de Guildford, Andrew Watson, expressou sua tristeza e admiração por aqueles que lutaram para que a verdade fosse revelada. O Arcebispo de Canterbury, Justin Welby, descreveu a dor das vítimas como “inimaginável” e lamentou que falhas pessoais e institucionais não permitiram uma investigação eficaz após 2013.
Posições conflitantes e apelos por justiça
Após a publicação do relatório, o Sr. Welby admitiu ter considerado renunciar, mas decidiu permanecer. No entanto, uma das vítimas, Mark Stibbe, opinou que Welby deveria renunciar devido à vergonha e dor associadas ao caso.
Smyth e sua esposa Anne foram excomungados por sua igreja local na Cidade do Cabo um ano antes de sua morte.
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